Domingo, 10 de Outubro de 2010
O ano lectivo começou já, há um mês!
A equipa de trabalho do Agrupamento de referência Lamaçães no presente ano lectivo é constituído por:
8 Docentes de Educação Especial (grupo 920, um dos quais a tempo parcial)
6 Formadores de LGP
5 Terapeutas de Fala
4 Intérpretes de LGP (1 a meio tempo)
Em relação aos alunos, a situação é a seguinte:
Turmas bilingues
1 - Pré-escolar
2 - 1º ciclo
2 - ciclo
3 - 3º ciclo
Crianças surdas em apoio de Intervenção Precoce (0 aos 3 anos): 5
BOM ANO LECTIVO!
Quinta-feira, 10 de Setembro de 2009
Um novo ano lectivo se inicia na próxima segunda-feira no Agrupamento de Escolas de Lamaçães!
Com o calor que o verão deixou, chega a alegria do regresso, do reencontro de todas as "mãos" que fazem a nossa Escola de Referência.
A todos os alunos, docentes e Técnicos os desejos de um ano lectivo cheio de sucesso e de realizações.
O nosso blogue voltou e, espero, que muitas "mãos" venham teclar aqui, na partilha que se deseja e que tanto nos pode enriquecer!
A quem entrou "a bordo" deste projecto pela primeira vez este ano lectivo, as maiores felicidades e... recebemos essas "mãos" com alegria e expectativa.
Terça-feira, 14 de Abril de 2009
O ser humano vive em grupo, em sociedade, pelo que age, influencia e é influenciado pelos diferentes sistemas ou grupos em que se insere tal como é enunciado no modelo ecológico do desenvolvimento humano de Bronfenbrenner (1979) que propõe que o ser humano em crescimento se desenvolve interagindo com os cenários, mudando e provocando mutações nesses cenários nos contextos mais vastos em que aqueles estão inseridos.Da mesma forma, as interacções que a criança estabelece com o meio e com as pessoas e a forma como a própria criança percebe, interpreta e define essas relações são determinantes para o desenvolvimento da mesma, de acordo com o preconizado pelo modelo transaccional.
A adolescência é a fase da vida do ser humano em que as relações sociais horizontais (com pares) assumem grande relevância e notoriedade. É uma fase de grande crescimento e desenvolvimento social que se pode tornar geradora de algum desconforto nas relações verticais (com adultos, sejam eles os pais ou os professores).
As competências sociais e emocionais são enunciadas por Greenberg e Kuché (1993) citados por Calderon e Greenberg (2003) como os seguintes processos e manifestações:
· Boa habilidade de comunicar;
· Capacidade de pensar independentemente;
· Capacidade de se auto-orientar e controlar;
· Flexibilidade em se adaptar a situações particulares, incluindo aqui a habilidade de ter diferentes perspectivas de uma mesma situação)
· Capacidade em confiar no outros e obter a confiança deles;
· Perceber e compreender a própria cultura e valores bem como a dos outros;
· Utilizar comportamentos hábeis para manter relacionamentos saudáveis com outros e atingir objectivos socialmente aprovados.
Estas competências adquirem-se e desenvolvem-se através do tempo e das experiências que a criança e o jovem vão adquirindo, são independentes umas das outras e prolongam-se até à idade adulta. O maior ou menor desenvolvimento destas competências depende ainda do temperamento e personalidade de cada um, dos valores familiares e sociais, do background educacional, normas culturais…
As crianças e jovens surdos são particularmente vulneráveis em termos do desenvolvimento social pois são maioritariamente filhas de pais ouvintes, que por não ser feito rastreio universal da surdez, só se apercebem das dificuldades auditivas e necessidades comunicacionais dos filhos quando a linguagem oral devia despontar. Essa dificuldade permanece se os pais não forem devidamente esclarecidos da necessidade de aprenderem LGP (Língua Gestual Portuguesa) o mais precocemente possível de modo a estabelecer comunicação significativa e eficaz com os seus filhos.
As dificuldades começam na família, no primeiro sistema em que a criança interage e se integra socialmente e alargam-se aos seguintes: se é portadora de surdez severa ou profunda e é colocada num Jardim-de-infância que é frequentado apenas por crianças ouvintes a socialização e consequente desenvolvimento de auto-estima estão comprometidas pela falta de comunicação e falta de imersão num ambiente propiciador de comunicação e favorecedor da criação de amizades.
Na adolescência, idade em que a identificação com pares (outros jovens surdos) e com a Cultura e Comunidade Surdas a que pertencem pelas suas necessidades e características comunicacionais, se não houver um grupo alargado de socialização no qual os jovens se possam integrar poderá haver riscos para o desenvolvimento social e afectivo. Se frequentar uma escola de referência com ensino bilingue para alunos surdos, o adolescente surdo terá a possibilidade de estabelecer e manter relacionamentos com outros adolescentes surdos (rapazes e raparigas), fazer aprendizagens na sua língua materna (se for filho de surdos) ou na sua língua natural (se for filho de ouvintes), ter professores surdos com os quais pode estabelecer um relacionamento vertical idêntico ao que os jovens ouvintes podem estabelecer com os professores ouvintes, de ver valorizada a sua língua, a cultura do grupo a que pertence e de poder crescer como ser humano.
É na adolescência que se começam a estabelecer relações de amizade mais próximas (“melhores amigos” ou “amigos íntimos”) e que o grupo de amigos assume uma grande importância nomeadamente fornecendo apoio emocional, validação social, informações (particularmente relevantes para os surdos, que dificilmente obtêm informações junto apenas de jovens ouvintes…), conselhos, sentimentos de solidariedade. Pelas razões apontadas, é importante que os jovens surdos se sintam verdadeiramente ligados com outros jovens e adultos surdos através de programas escolares (escolas de referência), frequência de Associações de Surdos e de outras actividades em que tenham a experiência da comunicação sem restrições entre iguais.
O bom desenvolvimento biopsicossocial está relacionado com as experiências de amizade (individual e grupal) estabelecidas na adolescência e são particularmente importantes para os jovens surdos, quando se processam entre surdos.
Referências:
Bronfenbrenner, U. (1996). A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e planejados. Porto Alegre: Artes Médicas
Calderon R. & Greenberg M.(2003)- “Social and emocional development of deaf children. Family, School and program effects”. In: Marchark M. & Spencer E., coord. Handbook of Deaf Studies, Language and Education. Oxford: University Press. p. 177-202
Marchark M. & Spencer E., coord. (2003).Handbook of Deaf Studies, Language and Education. Oxford: University Press.
Segunda-feira, 9 de Março de 2009
O terapeuta da fala, de acordo com a ASHA (American Speech Association), intervém ao nível da prevenção, diagnóstico, habilitação e reabilitação da comunicação, deglutição, e outras perturbações acima do sistema digestivo; modificações de comportamentos comunicativos e melhoria da comunicação.
Assim, numa Escola de Referência, após a detecção de uma surdez, a criança é alvo de uma avaliação onde são recolhidas todas as informações pertinentes junto da criança, da família e outros profissionais envolvidos (educadores/professores quer do ensino regular quer do ensino especial, audiologistas, otorrinolaringologista e outros profissionais envolvidos) através do diálogo, observação e aplicação de instrumentos de avaliação específicos. Com base nas informações recolhidas, identificam-se as necessidades da família e da criança e traça-se um plano de intervenção, atribuindo um papel preponderante à família neste processo. Pretende-se prioritariamente proporcionar uma melhor qualidade de vida da família, promovendo o desenvolvimento comunicativo e linguístico da criança.
A intervenção é realizada de forma directa e indirecta
· Intervenção directa - realizada individualmente com a criança com frequência semanal (três vezes por semana para crianças até aos seis anos e duas vezes para as restantes até aos catorze anos de idade), estando sempre que possível presentes os pais e /ou outros elementos importantes para a criança;
·Intervenção indirecta - tem igual ou ainda maior importância, consiste no estabelecimento de estratégias de comunicação com a família, os pares, educadores/professores e outras pessoas importantes pertencentes aos contextos da criança.
Desta forma, pretende-se melhorar e promover o desempenho comunicativo e linguístico para que a criança seja o mais funcional quanto possível. Faz parte ainda do papel deste profissional:
·Identificar barreiras e facilitadores da comunicação da criança, minimizando as primeiras e proporcionando maiores oportunidades de comunicação com as segundas; ·Colaborar com outros profissionais de forma a potenciar o nível de audição (otorrinolaringologistas e audiologistas) e a performance comunicativa (todos os outros, nomeadamente os pais);
·Realizar a reabilitação e habilitação da criança e dos contextos em que se encontra inserida;
·Participar em rastreios e despistes auditivos.
A intervenção directa especializada do terapeuta da fala implica condições específicas ao nível dos recursos materiais.
É fundamental ao longo de todo este processo o respeito pelas crenças e valores, bem como pelas decisões dos pais. Contudo, para que existam famílias com poder de decisão, compete à equipa da Escola de Referência o fornecimento de toda a informação pertinente. É da troca constante entre as experiências e expectativas dos pais com o saber técnico dos profissionais que resultam futuros adultos surdos mais activos e integrados na sociedade.
Autoras: Terapeutas Alexandra Lopes, Cristina Oliveira e Carmen Torres (in Projecto de criação da Escola de Referência)