Sexta-feira, 29 de Maio de 2009

Sessão de educação sobre educação para os afectos

Hoje, dia 29 de Maio de 2009, realizou-se na Escola EB 2,3 de Lamaçães, uma sessão sobre educação para os afectos destinada aos alunos surdos do 3º ciclo. O palestrante for o Dr. Constantino Santos, cujo currículo abreviado apresentamos:

 

Medico de Família, consultor em Medicina Familiar, Coordenador do

Serviço de Atendimento de Adolescentes, do Centro de Saúde.
Faz parte do seu trabalho habitual o Planeamento Familiar e a vigilância de gravidez.
Pós-graduação em Educação Sexual, pós-graduação em Orientação Familiar, pós-graduação em Saúde Escolar.
Acreditação pelo Conselho Cientifico Pedagógico da Formação Contínua do Ministério da
Educação.
Associado do Centro de Estudos de Orientação Familiar.
Colaborador do Centro de Formação da Casa do Professor.
Colaborador do Centro de Mediação Familiar da ONG In Famíla
Colaborador do Fórum da Família.
Os nossos agradecimentos ao Dr. Constantino Santos.
Esta sessão foi dinamizada pelos estagiários do Curso de Tradução e Interpretação em LGP da ESE do Porto.
Parabéns Filomena e Nuno, Vera e Sara!!
         

publicado por Luisa Campos às 23:39
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Segunda-feira, 18 de Maio de 2009

A minha comunicação no Seminário da A. Surdos de Guimarães

A comunicação é uma actividade de extrema importância para o ser humano. Somos seres sociais e, por isso, necessitamos de estabelecer contactos com os outros seres e… connosco.

Antes de nascer, o bebé tem, já uma comunicação com a mãe: sente o bater do seu coração e todos os movimentos que esta faz. É por esta razão que os médicos colocam o bebé recém-nascido sobre a mãe, para que ele sinta o bater do coração materno e, assim, se tranquilize da agressão que é o parto, a primeira inspiração e a hostilidade que o mundo apresenta para aquele pequeno ser.
Se o bebé for ouvinte e os pais ouvintes, a aquisição da língua faz-se de forma perfeitamente espontânea e natural, por mera e simples exposição à comunicação e língua da comunidade.
Se o bebé for surdo e tiver pais surdos, utilizadores da LGP, a comunicação acontece da mesma forma natural e espontânea, por exposição à comunicação da língua da sua família.
Qual a diferença entre estes bebés e seus pais?
No 1º caso, a língua é oral e auditiva e é a língua da maioria do seu país.
No 2º caso, a língua é visual e motora e é língua minoritária
Sabe-se, pela investigação, que as mães surdas utilizam estratégias de comunicação visuais e, rapidamente, ensinam o seu bebé a fixar o seu rosto, a fixar as suas mãos, a seguir os seus movimentos.
Quando nasce um bebé surdo numa família de ouvintes, o problema surge… 
 
Os pais ouvintes querem que os filhos surdos falem...
  • Se lhes assegurarem que isso depende do Implante Coclear, eles fá-lo-ão
  • Se lhes assegurarem que isso se pode alcançar através da LGP, eles tentarão aprender essa língua.
Mas, se lhes dizem que a língua gestual impede o desenvolvimento da oralidade, eles procurarão impedir o contacto dos filhos com essa língua...
 
Quais os problemas que se colocam aos pais?
 
 De acordo com as visões da surdez, assim se podem enquadrar as opções que são colocadas aos pais:
  • Visão clínica/terapêutica – procuram-se as causas, o diagnóstico, a opção implante coclear (vista como “a cura” para a surdez)
  • Visão linguística – põe o tónus na problemática da aquisição da língua oral/gestual
  • Visão educacional - o eterno dilema sobre as opções oralistas, gestualistas na educação da criança surda…
  • Visão social  - problemas na integração na sociedade maioritária, dificuldades na procura de emprego…
  • Visão política -  o “Deaf empowerment” movimento que luta pelo poder da comunidade surda, pelo seu direito á diferença e à língua gestual.
Assim:
·         De um lado há a defesa do oralismo que é visto como a “normalidade”, prometendo respostas com o avanço tecnológico.
·         Do outro lado há o bilinguismo que defende a LGP como a língua dos surdos e até a ideia da identidade e cultura surdas.
 
Como perspectiva antagónicas:
 
  • Normalizar – visão da saúde
  • Diminuir os estigmas –visão pedagógica
 
São, pelo apresentado, os filhos surdos profundos com pais ouvintes que levantam mais problemas.
Visões da surdez:
 
 

Ciências biológicas
 
 I

Deficiência
 
Ciências humanas
 
 I 

Diferença
 I 
 
Procuram resposta nos avanços tecnológicos
  I
 
Defendem a LG como a língua dos surdos e a ideia de uma cultura surda
 
  I
 
Procura “normalizar”
  I
 
Procura reduzir os estigmas

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A identidade surda baseia-se no uso da LG em contacto com outros surdos
Através da LG, surgem novas possibilidades de compreensão, de diálogo, de aprendizagem. Por isso, a LG é a única capaz de fornecer identidade ao surdo.
 
A identidade – é a busca de especificidades que estabeleçam fronteiras identificatórias com o outro, bem como a pertinência dos outros membros do grupo social a que pertence.
 
Os falantes de uma mesma língua interagem mais entre si, do que entre falantes de diferentes línguas.
Skliar, 1998 afirma que “o problema não é a surdez, não são os surdos nem a língua gestual, mas as representações dominantes, hegemónicas, “ouvintistas” sobre aqueles.
 
O autor enfatiza a superioridade que os ouvintes impõem aos surdos.
 
“O surdo é detentor da herança genética da espécie humana que lhe confere o potencial cognitivo, gerador das funções cerebrais superiores nomeadamente, a criação de uma linguagem natural, perfeitamente apta a preencher a função comunicativa na sua maior complexidade e expressividade”
Baptista A, 2008
 
Problema do diagnóstico tardio da surdez:
 
A surdez não se vê exteriormente, por isso, é descoberta tardiamente o que implica que a criança fique privada de linguagem até uma idade tardia.
 
Para terminar,
 
O uso da LGP é essencial para o desenvolvimento das crianças surdas e para o seu processo de aprendizagem e integração social. Sem ela, os jovens surdos adquirem graves problemas de desenvolvimento e de aprendizagem, além de graves problemas de auto-estima.
 
O processo de ensino/aprendizagem dos alunos surdos não pode ser igual ao dos ouvintes: o canal de input bem como o de output são completamente diferentes.
 
É perfeitamente possível que os alunos surdos cumpram os currículos das diferentes disciplinas, mas apresentado de forma apropriada e sempre através da LGP.
 
O ensino bilingue, utilizado com consciência profissional, com nível crescente de exigência, é o que mais se adequa aos surdos profundos.
 
A inclusão, para os surdos, faz-se no grupo de surdos e, também, com os ouvintes, mas para os surdos filhos de pais ouvintes, a comunidade linguística de referência é fundamental, bem como a presença de professores surdos que lhes servirão de modelos.
 
As escolas de referência são uma boa resposta para as necessidades dos alunos surdos e são, também, pólos de divulgação da LGP, da identidade surda e fornecem aos ouvintes a oportunidade de conviver com a comunidade surda e com a LGP.
 
É uma utopia imaginar que a escola adequada para uma criança surda é a escola do bairro, onde ele não tem pares (crianças surdas como ele) para comunicar. É, também, utopia pensar que o ME vai colocar um Intérprete para cada aluno…
Sei que a comunidade surda necessita de Intérpretes nos locais públicos, não apenas nas escolas, de modo a acederem aos serviços da comunidade tal como as pessoas ouvintes.
 
A luta ainda não terminou, mas deram-se passos muito importantes. É preciso não dar passos atrás.

publicado por Luisa Campos às 22:47
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Sábado, 25 de Abril de 2009

Programa Dia da Educação de Surdos – 29 Abril (Paranhos)

 Manhã:

10h – recepção às escolas convidadas

 
Escola EB2,3 de Paranhos
· Desporto: Torneio de Futsal entre alunos das várias escolas
· Ateliers com actividades diversas para o 2º e 3º Ciclos
· Mural Colectivo
 
Escola EB1 Augusto Lessa
· Lanche de recepção
· Actividades na biblioteca e ao ar livre
· Atelier para o pré-escolar
 
12 h almoço na cantina
 
Tarde: Auditório Horácio Marçal
 
14h30 – Sessão de abertura
14h45 – Dramatização “Mãos que falam, mentes que se libertam” (Agrup. Peso da Régua)
15h00 – Dramatização “As cores” (Agrup. Penafiel Sul)
15h15 – Filme “O patinho surdo” (Escola EB1 Augusto Lessa, Porto)
16h00 – Canção em LGP “Bicho na Palma da mão” (Agrup. Dr. Ferreira de Almeida, Sta. Maria da Feira)
16h15 – Poesia em LGP, anedotas e dança (EB2,3 de Paranhos, Porto)
16h30 – Lamaçães:
              *“Pelo sonho é que vamos" de Sebastião da Gama 
              (poesia em LGP, alunos do 2º e 3º ciclos)
              * "Alice" - História em LGP (alunas do 4º e 9º anos)
              *"Configuração das mãos" (alunos do 1º ciclo)
              *"Vou-me embalando" - dramatização (turmas bilingues do 1º ciclo)
16h45 – Apresentação “A nossa opção pela frequência do Curso Profissional 
              de Design”, Filme “O patinho feio” (Escola Infante D. Henrique)
17h00 – Poesia em LGP (Escola Sec. Alexandre Herculano, Porto)
 
17h15 – Encerramento. Lanche e convívio
 
No auditório estará presente a TVKTVÊ (Dren) para filmar a apresentação dos trabalhos das escolas.
 

publicado por Luisa Campos às 21:21
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.Blogue da Educação de Surdos Lamaçães

Este blogue tem como objectivos a divulgação de actividades, novidades e informações entre todos os profissionais (docentes e técncios) e entre estes e os Encarregados de Educação. Deve ser um espaço de partilha, com dinamização e participação frequente de todos.

.Educação Bilingue

Os alunos Surdos profundos podem/devem optar pela opção bilingue, beneficiando, assim, de todos os recursos que o AEL pode oferecer.

.Intervenção precoce

O atendimento precoce e intervenção junto dos bebés surdos e das suas famílias e/ou cuidadores é um dos princípios que defendemos e que reputamos de importância decisiva no sucesso futuro da pessoa surda.

.LGP

A LGP é a língua natural da comunidade surda Portuguesa. É uma língua visuo-motora com todas as características das línguas orais.

.Português 2ª língua

Para os alunos surdos de opção bilingue, o Português deve ser apresentado/ensinado através da metodologia das línguas não maternas, isto é, adaptado à aprendizagem visual.

.Autoras

Luísa Campos e Vera Macedo

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