O terapeuta da fala, de acordo com a ASHA (American Speech Association), intervém ao nível da prevenção, diagnóstico, habilitação e reabilitação da comunicação, deglutição, e outras perturbações acima do sistema digestivo; modificações de comportamentos comunicativos e melhoria da comunicação.
Assim, numa Escola de Referência, após a detecção de uma surdez, a criança é alvo de uma avaliação onde são recolhidas todas as informações pertinentes junto da criança, da família e outros profissionais envolvidos (educadores/professores quer do ensino regular quer do ensino especial, audiologistas, otorrinolaringologista e outros profissionais envolvidos) através do diálogo, observação e aplicação de instrumentos de avaliação específicos. Com base nas informações recolhidas, identificam-se as necessidades da família e da criança e traça-se um plano de intervenção, atribuindo um papel preponderante à família neste processo. Pretende-se prioritariamente proporcionar uma melhor qualidade de vida da família, promovendo o desenvolvimento comunicativo e linguístico da criança.
A intervenção é realizada de forma directa e indirecta
· Intervenção directa - realizada individualmente com a criança com frequência semanal (três vezes por semana para crianças até aos seis anos e duas vezes para as restantes até aos catorze anos de idade), estando sempre que possível presentes os pais e /ou outros elementos importantes para a criança;
·Intervenção indirecta - tem igual ou ainda maior importância, consiste no estabelecimento de estratégias de comunicação com a família, os pares, educadores/professores e outras pessoas importantes pertencentes aos contextos da criança.
Desta forma, pretende-se melhorar e promover o desempenho comunicativo e linguístico para que a criança seja o mais funcional quanto possível. Faz parte ainda do papel deste profissional:
·Identificar barreiras e facilitadores da comunicação da criança, minimizando as primeiras e proporcionando maiores oportunidades de comunicação com as segundas; ·Colaborar com outros profissionais de forma a potenciar o nível de audição (otorrinolaringologistas e audiologistas) e a performance comunicativa (todos os outros, nomeadamente os pais);
·Realizar a reabilitação e habilitação da criança e dos contextos em que se encontra inserida;
·Participar em rastreios e despistes auditivos.
A intervenção directa especializada do terapeuta da fala implica condições específicas ao nível dos recursos materiais.
É fundamental ao longo de todo este processo o respeito pelas crenças e valores, bem como pelas decisões dos pais. Contudo, para que existam famílias com poder de decisão, compete à equipa da Escola de Referência o fornecimento de toda a informação pertinente. É da troca constante entre as experiências e expectativas dos pais com o saber técnico dos profissionais que resultam futuros adultos surdos mais activos e integrados na sociedade.
Autoras: Terapeutas Alexandra Lopes, Cristina Oliveira e Carmen Torres (in Projecto de criação da Escola de Referência)